segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011


estava indo para casa, quando lembrei de minha avó, das histórias que contava e seus personagens... para onde foi dona onça e o compadre macaco?
de repente me dei conta de que se foram quando ela se foi. lembrei de Marina e me perguntei:

VÓ, CADÊ VOCÊ ?

Onde, nos dias de hoje, estão
Os castelos e sultões,
Armadilhas, conclusões,
Fadas madrinhas, lobos vilões,
Estórias mágicas
De donzelas, caraíbas
Lobisomens e ladrões?

Rapunzel de chapeuzinho
Vermelho casca de figo,
Desafios e mendigos,
Andarilhos matreiros,
Beduínos guerreiros,
Valentes aventureiros
Contando suas façanhas,
Levando-nos a visitar
Terras longínquas,
Paisagens estranhas,
Deslumbrantes cenários
Tão bem representados
Por você...

Onde estarão dona onça,
A raposa e o saci,
A tenaz tartaruga, o ladino sagüi
A caipora, a índia tapuia,
Fogo fátuo, o banho de cuia,
A botija e o curupira?

Onde estão os curumins?
O urso feroz, a lebre veloz
Que perdeu a corrida
Mas fugiu do gavião,
Ao seguir os conselhos
Do sábio corujão?

Onde estarão o rei,
O conselheiro e a rainha?
Compadre macaco, João e Maria,
Filhos sumidos e reencontrados
Assegurando-nos um final feliz
E um sonoro pedido de bis:
Conte de novo, conte outra vez
Aquela estória da galinha pedrês

Da baratinha solitária
E seu noivo dom ratão,
Destemperado glutão
Caindo panela adentro,
Trocando seu casamento
Por um pouco de feijão.

Por falar em rato,
Assim como fez
O ratinho da historia
Desmanchando as redes
Que prendiam o leão,
O tempo desfez as tramas
Que atavam nossas noites
Em horários mais fiéis
Que os tais horários nobres
Da tal de televisão

Nossa “tela” era você
Chorava, sorria,
Tinha dor e alegria.
Nossa “tela” sentia.
Cacarejava e latia,
Rosnava, miava,
Rastejava tal serpente
Insuflando na gente
O dom de interpretar

Brandia ira de deuses,
Espadas de soberanos
Às vezes bonzinhos,
Às vezes tiranos.

Corre-corre la cuchia
Que é de noite que é de dia.
Malazarte, carochinha,
Polegar, gato de botas...
Sete léguas de alegria
Nas tramas da fantasia.
Quem não sabe vai pra forca,
Quem sabe ganha vintém,
Casa com a princesinha
É feliz como ninguém.

Entrou na perna do pato,
Saiu na perna do pinto.
Seu rei mandou dizer
Que você contasse mais cinco.

Vó, cadê você?

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