segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011


P I N C É I S   E   T U R Q U E S A S

É interessante perceber a relação entre a arte e o tempo.
Fiz esse poema e esse espantalho há mais dez doze anos e, hoje, convivendo com Marina, percebo que eles são a sua cara e ela é a cara deles...
Marina é por natureza cheia de trejeitos, caras e bocas. É alegre e brincalhona e adora pregar peças e flores em mim. Gosta de bichos, de pássaros, plantas, papéis, lápis e de todas as cores. Gosta de tintas e letras, de música e dança. Adora um batuque e uma folia...


Espantalho palhaço
Apareceu no meu jardim,
Espantalho mil cores
Plantando flores em mim.

Contando piadas,
Batendo palmas,
Divertindo a passarada...

Corriam, gritavam,
Sorriam, saltavam,
Crianças em torno de si,
Pincéis, amarelos,
Papéis e turquesas,
Vermelhos do claro ao carmim.

Os verdes surgiam, cascatas ruidosas,
Das copas frondosas aos finos capins.

Gostava de dançar samba,
Valsa, polca, tudo enfim,
Forró, maxixe, quiabo,
Arroz, feijão, sapoti,
A dança das margaridas,
Xaxado ao som dos flautins.

Dobrados não eram seu forte,
Nem o som dos clarins.
Manobras de vida
Vibravam em seu peito
Em luas de prata e sóis de cetim

Lápis de cor, rabisco, carvão
Eram bandeiras trazidas nas mãos.
Recheios de palha em roupas de chita,
Chapéus coloridos, retalhos, remendos,
Zigue-zague, sianinhas, costuras, linhas,
Compondo em mil partes o todo de mim.




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