menina e vaso de flores
menina e bonecos
Diana
CRIANÇAS E CORES
entrar nessa questão é muito importante e me remonta há alguns anos atrás, quando tinha uma banca onde expunha meus trabalhos de arte: quadros, cadernetas, cartões e outros produtos ilustrados por mim.
Trabalhava com temas folclóricos voltados para o público infantil.
Eu visitava feiras e mercados procurando elementos para meu trabalho: carros de lata, cavalinhos de pau, pião, gaiolas, bonecos de pano, petecas, ximbras e uma infinidade de artefatos...
Bonecos de pano, eis a questão. Eram – são, até hoje - todos feitos com tecidos amarelo nápoles ou rosa claro para as bonecas, e azul bebê ou verde água para representar os pequenos machinhos. Não, não quero falar de machezas ou femininices. Estou aqui para falar de cores.
Passei a representar nos meus quadros e demais produtos, as figuras rosadinhas e azuladinhas.
Até que um dia recebi uma visita da minha prima Ângela Nascimento que me perguntou quase que me colocando preso na parede: onde estão os negros no seu trabalho? Você só pinta crianças brancas, rosadinhas e pálidas? Tentei me justificar dizendo que representava o que eu via nos mercados, mas acabamos me convencendo de que o mundo era feito de muito mais cores reais. Com isso, passei a colocar mais ‘melanina’ nos meus bonecos. Ficaram mais bonitos! O conjunto ficou mais harmonioso com a miscigenação e eu... parei de vender!! Pois é! Minhas vendas caíram vertiginosamente e assim permaneceram até que parei de seguir essa linha, não por esse motivo, mas por outros.
As pessoas chegavam, achavam tudo lindo, mas... Não levavam! Até que eu descobri o motivo: a presença das crianças morenas e negras. Ouvi isso de uma turista que disse de si para si, olhando um dos meus trabalhos: ‘que pintura linda... pena que a minha filha não vai se identificar com essa menina negra’. Ela não falou para mim, mas eu escutei e retruquei: minha senhora, essa boneca pode se tornar a melhor amiga da sua filha... Ela deu de ombros e foi embora.
Pintei várias representações de pastoril – folguedo alagoano – com as rosadinhas. Vendi todas! Fiz um e tive a ‘ousadia’ de colocar a Diana – figura central – negra. Esse ficou comigo até ser comido por uma cambada de cupins que invadiu minha casa
Noutra ocasião eu tinha um quadro com três crianças comendo doces, uma delas um menino bem escurinho. Lindo o trabalho, super colorido! Todo mundo que passava parava em frente a ele. Até que uma pessoa me disse: esse menino ai no meio me incomoda. Era ele!
Meu vizinho de banca que sempre estava por perto ouviu isso e, quando a mulher saiu, me falou: Paulo, pinte esse menino de galego, rapaz. Esse quadro já era pra ter sido vendido. “Passuma” tinta por cima dele e vende essa ‘fulerage’. Eu respondi que naquela hora eu não estava fazendo comércio, estava, ao observar esse mecanismo, fazendo arte e história.
Vivi isso inúmeras vezes, mas o que mais me intrigou foi o fato de eu tentar contato com vários e vários e vários jornalistas, não só daqui de alagoas como em outros lugares, para abordar esse assunto e todos se negaram a escrever uma só linha sobre isso. Nunca consegui fazer uma matéria sobre esse tema.
Encontrei essa postagem acima no blog da minha esposa. Resolvi entrar na questão, relatando uma experiência que me aconteceu:
Show! Arrasou!
ResponderExcluirNegócio sério, o racismo. Conheço um menino negro, legítimo representante da raça, pai e mãe de uma cor de ébano... Quando mais novinho falou pra mãe que queria ser mais claro. Agora tá ficando rapaz, olha-se o espelho, orgulhoso.... acho que os pais conseguiram lhe passar a segurança de ser, antes de tudo, uma pessoa de caráter...
ResponderExcluirPaulo, volto com tempo para ler seu post e comentá-lo, mas estou fechando a lista de quem participou da blogagem coletiva, mas não consigo a URL desta postagem, tem como me enviá-la?
ResponderExcluirURL http://marinasceu.blogspot.com/2011/03/httpwww.html
ResponderExcluir