quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

era noite, madrugada. Marina chorava, calava, chorava de novo e tentava dormir nos meus braços. olhei detidamente para aquela coisica tão pequena e pensei o telhado iluminado...

(garatujas de Marina sobre desenho do papai)


TELHADO ILUMINADO

Sou tua casa, teu piso, teu teto
És meu jardim, meu terraço,
Meu cantinho predileto

Minhas mãos agasalham
Teu corpinho de penacho
Teu sorriso é como um facho
Aninhado ao meu solar

Teu sono me faz sonhar
E no meu sonho estás sempre a brincar

De ser gente, de crescer,
De correr e encantar,
De florir, desenhar, escutar
E colorir poentes no ar

Brincar da alegria de ser poesia,
Ser barquinho de papel a velejar folia
De reis, zabumba, sanfona e graviola,
Galinha, bolo, café e bandeirola,
Catira cantado a palma de mão e bico de sola

Brincar de estripulia,
Cabra cega  e correria,
Levar queda, curativo,
Sorrindo e jogando bola

Tomar banho, ir pra  escola                
Lavar mãos e vir pra mesa,
Brigadeiro e sobremesa
Sempre cabem na sacola

Na soleira, na fachada,
No terreiro, na sacada
Da casa que sou pra ti
Aninha-te ao meu abraço
Um terraço abrisalhado
De onde vejo a estrela Dalva                                                                           
Um telhado iluminado
Que está sempre a nos cobrir



2 comentários:

  1. Lindo, emocionante que obra delicada e requintada. Admiro muito você! E Marina tem muita sorte, nasceu de duas criaturas que tem uma energia incrível, entre dois artistas, artistas na arte de educar. Parabéns!

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    1. obrigado, anderson... uma criança é uma pedra preciosa que trazemos nas mãos! não tem como não ser! quando chegamos em casa, à noite, e marina vem dormindo no carro, eu a carrego nos braços subindo escadas até o quarto. um momento precioso para mim é quando a tiro da cadeira e ela deita sua cabeça no meu ombro e seus braços agarram meus ombros e pescoço. é um aconchego mútuo. não sei se a acolho ou se sou acolhido por ela. é muito aconchegante... subo a escada bem devagar, sorvendo cada degrau. muitas vezes ela me baba. é meu prêmio!

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