terça-feira, 25 de janeiro de 2011

                     

                      DO SOL AO LUAR



 Os primeiros cinco meses de marina foram passados na casa de sua avó materna.
 Patrícia, cansada da amamentação noturna e ainda dormindo, muitas vezes não me via sair para dar banho de sol na menininha que quase cabia na palma da nossa mão
  

Ela vai do sonho ao sol,
do escuro do quarto
ao brilho da manhã...

levanta como um farol
pra iluminar o jardim quintal da sua avó

Levo-a nos braços
mas ela conduz meus passos
hipnotizados pelos meus restos de sono
e suas doces feições.

Franze o cenho e ri ao sol
como se fosse um irmão
sorve a luz, abraça a brisa,
aconchega-se à minha camisa
e faz xixi na minha mão

Espreguiça, estica dedos
abre e fecha olhos e bocejos
com palavras diminutas
a me revelar segredos
já trazidos e contidos
em seu pequenino peito

E assim vai do sol ao banho
uma banheira, um lago enorme sem tamanho
Com cheiro de imensidão

Água morna e manjericão
molham seus braços, pernas, costas
e aquecem seu coração mindinho
pequeno coração de passarinho
infinita comunhão de braço e lar

um vôo, um leito, um pouso colibrinho
e logo se põe de novo a sonhar
trazendo pra casa, em plena manhã,
um pedaço iluminado de luar



 
 
                                          

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