Marina sempre teve um ímã com meus olhos. Irmã gêmea da lua nova, eu não parava e até hoje não paro de olhar pra ela. Sigo-a o tempo todo.
Quando menos espero me pego ‘como encantado’ olhando para ela. Um dia, num desses olhares, captei esse universo:
BRILHO DE OLHAR LUAR
Marina gente, reluzente,
Menina estrela cadente,
Lua nova e sorridente
Que o céu me deu de presente
Numa noite que pra mim
Virou noite de natal
Marina de olhar profundo
Profuso braço de mar,
Rio, laguna, lugar,
Canoa, remo, lagoa,
Leda sede navegar
Marina pele vermelha,
Marina da cor de telha
Rosto impresso, a sumo de cerejeira
Boca rubra como broto de roseira
Marina da cor azul,
De contra mestra vestida
Aplaudida no palanque,
Na chegança e cantoria
Marina do mar bravio
E cheiro de maresia
Cais de porto de anjos,
Cais de pouso de garças,
Véu de noiva desenhado
A espumas de barcaças...
Desabrocho de cardumes de flor d’água
Marina de balbucios,
De espreguiços e sonos
De difícil acordar
Marina de fome solta, galopeira,
Difícil de aplacar
Marina praia marinheira,
Chapéu de palha brejeira,
Maré vazante, maré forte
Marina da maré cheia,
Translucidez de escamas,
Canto e encanto
De remanso de sereia
Marina dia de pescaria,
De peixe bom e calmaria
Arremesso no verão
Ao som da arrebentação
Marina tarde, de por do sol,
Ranger de rede no coqueiral
Balançando no quintal
Na hora do descansar
Marina noite, vento nordeste
Marina brilho de olhar luar
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